domingo, 25 de novembro de 2018


Geografias 1

Minha incansável geografia finita
por onde habita o Horizonte perdido
Partindo, querendo, suando, pedindo
em iludida trilha capaz de sentido

O abraço dos cantos ainda enlaça 
Minha alma mais que cedida
que chora e contraria a falta 
na incerteza de nova partida 

E sigo, e tento, e grito, vacilando  
em saudade, lembranças, alarido
chegando sem fim a uma velha medida 
Por vezes cansado, ainda perdido.

Sei que agora vivo, quero e sinto 
em passos largos ao destemido 
Guiado por voos ainda não conhecidos
Nas geografias ternas e fortes 
do amor e razão incontidos. 










Geografias 2

Não quer o horizonte 
teu choro ou desmonte,
se o vento triste de então
destrata hoje o coração.

A janela, um dia, a partida, 
afim ao desrumo sem vida
o espaço indizível do não, 
somente agora, escuridão.




Mas sente o que mira distante:
o milagre do tempo infante,
milha por fim alcançada,
geografias, tua nobre morada.

Espera sem tanto pesar
a breve imensidão a chegar,
pois a lágrima que o chão 
abriga não será mais tua inimiga.

quarta-feira, 11 de maio de 2016


O abismo
 
Não estamos sós
Quando avistamos
o abismo.

Nem mesmo
Abandonados na Desrazão
Do Precipício.

Envolvidos no fosso
Que assombra
As terríveis pegadas...

Isolados e pesados
Pelo vazio do
Do Desconhecido...

A dois passos
Do esquecimento
E do eterno silêncio...

Precipitados nas incertezas
Que nos fazem
Gritar e gritar...

Até que o choro

Inunde a escuridão
De nossas mentirosas Verdades.

E que a vida diga
Sim ao caminho
Não trilhado.

Para que o abismo
Veja a luz de nosso olhar
Adormecido.

E este nosso coração
Agrida o ruído
Que nos faz ruir...

Verdadeiramente
Não estamos sozinhos
Neste nosso abismo...

Se a vida que ainda
Queremos ainda está
No novo impulso

No misterioso impulso
Que nem o abismo – nem o abismo!

Pode aniquilar.

Huddie



O que nos resta?

O que nos resta senão
a insistente resistência de um
pouco a mais?
Nos restos que a humanidade
Lança aos que pouco têm
No rastro da incerteza em
Nosso corpo tolo e doentio
O que nos resta senão a esperança
pelo movimento a mais?

Respostas por demais pequenas
Retalhos de ilusórias alegrias
Repetições impensadas de muitas Histórias
Nossa vida retirada pela natural soberania
Nossa estada em destinados percursos
Somos réus de uma insana biologia
Capazes de amar e servir
Inimigo do próximo e da próxima escolha
Corpos enfermos em busca de feliz-idade.

O que nos resta senão sentir?
A dor, o amor, o estupor, a flor
A intensa necessidade de sorrir
Nos restos que nos abraçam
À procura de novos ou antigos sentidos
Na loucura de ser algo maior
do que um acidente.
O que nos resta se não...?

hsbrush

Um dia

Um dia você compreenderá o dia
Saberá que o pouco que nos sustenta
é fartura de muitos outros
Entenderá que o sonho pode ser
Apenas um simples calmante.
E verá sorrindo ricos horizontes
que não se alcançam.

Então eu lhe direi como sobrevivo,
por qual razão eu ainda sobrevivo.
Por isso lhe contarei que a História sempre
Se faz com antigos absurdos.
Por isso lhe contarei novas e ignoradas histórias
E certamente choraremos juntos
em novos porquês.



Um dia você compreenderá a noite
Conhecerá pela dor a doce face da maldade
E encontrará novas pessoas, belas e vis,
testemunhando no inesperado
a escuridão da indesejada falta
Homens que insistirão que nunca
poderemos ser.

Então eu lhe direi que sempre precisaremos
lembrar as coisas boas pelas quais existimos.
Por isso lhe direi que o que faço e refaço
para resistir à sede ou para superar o vazio.
E verdadeiramente seremos
mais humanos do nunca
nesse grande dia de sentimentos e revoluções.

quarta-feira, 22 de abril de 2015



Outros sentidos


outros sentidos nos arremessam
ao movimento constante
a vida partida em razão de novas

razões

sentido ao inconstante destino
velozes sentimentos em vias de desenganos
dores que nos freiam ou nos

sacodem

Resultado de imagem para sentido



nossos sentidos falecem em fato
não fenece contudo
o coração que abriga

o pulso

sentindo a perda ou o vazio
sem sentido por vezes
porém sempre à procura de

outras curvas

de novos sentidos, de ousados porquês
de outros outros em misteriosas jornadas
sentidos sentidos para vida

em constante movimento 

Outras vidas


Outras vidas, incansáveis partidas
Meu corpo entregue ao desvendar
Conjunção, terror, coerção, e sentido
O outro sempre neste modo de olhar
Outras vidas nas múltiplas vidas
deste único Estar.




Outras palavras


Outras palavras... 
É o que preciso para este novo universo de perdas e ganhos
Palavras de aceno ou doces certezas,
Um novo pretérito sem estes imensos porquês
Outros olhares, sentimentos ou escolhas
Novos rumos sem a tirania do imutável.

Resultado de imagem para palavras
Palavras curtas ou longas, frases curtas ou longas, pausas e vazios,
Universos refeitos nas curvas dos  fonemas.
Mais do que sons, maiores do que a passagem:
As Palavras comunicam, gestam órbitas e escuridão.

Outras palavras para um outro começo, o fim de um fim tão banal, 
Uma nova rota sem a dor das imprudentes distâncias:
Outros cenários onde eu não sinta a tristeza do impossível enigma.

Resultado de imagem para palavras

Nossas Palavras secas e impensadas, frases secas e impensadas, 
Universos rarefeitos nas curvas da desatenção.
Mais do que sons, muito além da fria gramática 
Palavras que encerram viagens de um futuro maior do que os nós.

Outras palavras, outro passado, sempre um novo universo:
Um presente adormecido nas indomáveis partidas,
A esperança de um futuro e de outras paragens, 
Felizes ternuras do cósmico enigma...
Simplesmente outras palavras.